LÍNGUA VIVA
Ditado
popular é uma coisa interessante. Pelo menos pra mim.
Tem vários
que eu gosto muito. Alguns eu não entendo, outros são distorcidos pela
semelhança fonética das palavras e acabam ficando sem muito sentido.
Alguns a
gente entende errado a vida toda ou boa parte dela.
“O hábito não
faz o monge”. Antes eu pensava que o costume de fazer alguma coisa é que era o “hábito”.
Achava estranho mas aceitava, afinal de contas isso era sabedoria popular....
Errado era eu que não entendia.
Hoje sei que
Habito é o nome da roupa que o monge usa. Eureka! Então isso quer dizer “ A roupa não faz a pessoa”. O
ditado esta certo! Minha vida mudou depois disso.
Outra coisa
que só aprendi depois de velho foi a expressão “Cuspido e escarrado”.
Normalmente
quando se dizia que alguém era muito parecido com outro se usava a expressão: “Fulano
é a cara de Cicrano cuspido e escarrado”. Pensava. Que porra tem a ver o cuspe
e o escarro com a semelhança de duas pessoas? Nada.
Os grandes
escultores, tipo Rodin, fazem obras tão perfeitas que parecem estar vivas. Já
vi réplicas que davam até raiva. De tão perfeita que eram. So faltavam as
digitais.
Esses grande
escultores, muitas vezes esculpiam em mármore. Existem vários tipos de mármore,
um dos mais nobres é o chamado Carrara.
Como os
grandes escultores provavelmente devem usar os melhores mármores , imagino que
devam ter usado a expressão “Esculpido em Carrara” quando uma coisa era muito
parecida com outra. Dai até isso se transformar em “cuspido e escarrado” foi um
pulo. Foi só a expressão se popularizar.
Adoro isso.
Foi a mesma
coisa que aconteceu com o Fusca.
A empresa
Volkswagen lançou um carro no Brasil, como o nome era muito longo, reduziram
pra Volks. Como a pronúncia do V em alemão se parece muito com o a nossa
pronuncia do F, o nome era mais ou menos pronunciado Folks. De folks para fusca
foi só uma questão de tempo.
Língua viva.
Cultura viva. Viva o Brasil.